O cofundador da Microsoft recomenda a leitura de «The Coming Wave», escrito por Mustafa Suleyman, porque considera que é uma obra fundamental para compreender o impacto da inteligência artificial
Bill Gates, cofundador da Microsoft e reconhecido filantropo, recomendou um livro que, na sua opinião, é fundamental para compreender a inteligência artificial. Trata-se de “The Coming Wave” (“A onda que se aproxima”), escrito por Mustafa Suleyman, que analisa o auge desta tecnologia e o seu impacto em diferentes níveis da sociedade atual.
Embora o livro se concentre na inteligência artificial, Suleyman não a apresenta como um fenómeno isolado.
De acordo com Gates, a obra destaca uma «convergência sem precedentes» de avanços científicos, que vão desde a edição genética até à síntese de ADN e outros desenvolvimentos em biotecnologia.
Que riscos Bill Gates identifica em relação à IA
Na resenha do seu livro, Gates aponta três riscos principais relacionados à inteligência artificial e tecnologias afins, os mesmos que “The Coming Wave” desenvolve com maior profundidade:
- Impacto económico: a IA poderia transformar radicalmente o mundo do trabalho, afetando postos em quase todos os setores, mesmo aqueles que antes eram considerados menos vulneráveis à automação.
- O desafio do controlo: à medida que os sistemas se tornam mais sofisticados, garantir que eles permaneçam alinhados com os valores e objetivos humanos representa um desafio crucial.
- Uso indevido por agentes maliciosos: a facilidade de acesso a essas tecnologias abre as portas para ciberataques, criação de armas biológicas ou ameaças à segurança nacional.
Este último risco está relacionado com o conceito central do livro: a «contenção». Suleyman coloca a questão essencial: «Como conter os perigos destas tecnologias sem eliminar os seus benefícios?».
Gates destaca que este dilema é fundamental, pois sem um quadro de contenção, os riscos decorrentes da IA e da biotecnologia podem tornar-se incontroláveis.
Suleyman não apenas aponta os riscos, mas também propõe soluções concretas. Entre as medidas técnicas, destaca a criação de um “botão de emergência” capaz de desativar os sistemas de IA em caso de perda de controlo.
Além disso, ele levanta a necessidade de transformações institucionais profundas, como a assinatura de tratados internacionais, o desenvolvimento de marcos regulatórios atualizados e uma colaboração sem precedentes entre governos, empresas e a comunidade científica.
No entanto, Gates reconhece que essas medidas serão difíceis de aplicar. Ao contrário de tecnologias disruptivas como as armas nucleares, cuja expansão pôde ser restringida por meio de controles físicos, a IA e a biotecnologia são muito mais acessíveis e difíceis de supervisionar.
Além disso, sua natureza de “uso duplo”, com aplicações tanto positivas quanto potencialmente prejudiciais, torna irrealista qualquer tentativa de proibição total.
Apesar dessas dificuldades, Gates mantém uma visão otimista em relação ao futuro. Para ele, a chave está em agir com conhecimento e cooperação, aproveitando que ainda há margem para influenciar o rumo dessas tecnologias.
Que outros livros Bill Gates recomendou
- ‘Historia Personal’ de Katharine Graham.
Entre os livros recomendados por Bill Gates está «Historia personal», as memórias de Katharine Graham, a editora que liderou o The Washington Post durante o escândalo Watergate.
A obra, premiada com o Pulitzer em 1998, relata a sua vida privada, as suas relações familiares, os seus laços com presidentes americanos e os desafios de dirigir um meio de comunicação em tempos turbulentos.
Gates, que conheceu Graham em 1991, descreveu-a como uma líder inesperada, mas exemplar, destacando a sua coragem ao defender a cobertura dos Documentos do Pentágono e do Watergate, bem como o seu papel fundamental na transformação do jornal.
- «Em busca da esperança», de Nicholas Kristof.
«Em busca da esperança», as memórias do jornalista Nicholas Kristof, percorre mais de quatro décadas de trabalho em zonas de conflito, pobreza extrema e crises humanitárias.
Gates destaca que um artigo de Kristof em 1997, sobre a mortalidade infantil por diarreia, influenciou profundamente a sua abordagem filantrópica. Desde então, tem acompanhado a sua trajetória, marcada por reportagens em mais de 150 países.