Uma boa maneira de conservar alimentos e reduzir o desperdício é congelá-los. Mas esse processo tem os seus segredos. Existem alguns alimentos que não são recomendados para congelamento, e aqueles que podem ser congelados devem ser manuseados corretamente. Tanto ao colocá-los no congelador quanto ao retirá-los para cozinhar. Um membro do Colégio Oficial de Nutricionistas e Dietistas indica que «quase todos os alimentos podem ser congelados», mas faz uma exceção: «Desde que estejam em boas condições, pois o congelamento não é um método de restauração, mas sim de conservação».
Entre as exceções que inclui nesse «quase», a especialista enumera «os vegetais com elevado teor de água, como os pepinos, os tomates frescos e até a salada, pois ao descongelar podem perder a sua textura e as suas propriedades organolépticas». Ela também menciona os ovos frescos inteiros: «Ao congelar, ocorre uma alteração na pressão e eles incham. Eles tendem a quebrar, porque a casca, como sabemos, é muito frágil».
Além disso, produtos lácteos, como iogurte, queijo fresco ou natas, também não devem ser colocados no congelador. «O iogurte contém água e proteínas do leite. Quando congelados, formam-se grandes cristais de gelo. E quando descongelados, eles se separam em fases: de um lado, o soro líquido e, do outro, os grumos de proteína. A textura do produto é perdida», afirma.
Como congelar corretamente
A especialista dá uma série de instruções para um congelamento ideal. A primeira é dividir. «Divida em porções, assim evitará que os produtos se estraguem. Regra importante: após descongelar, os alimentos devem ser consumidos ou descartados, não podem ser congelados novamente», explica a nutricionista. Corte também os alimentos, se necessário, como no caso dos cogumelos. «É melhor congelá-los cortados, em vez de inteiros, para facilitar o processo de congelamento e não perder a textura».
Os alimentos devem estar bem protegidos da fonte de frio. «Filme transparente e papel alumínio podem servir como primeira proteção, mas também é recomendável armazená-los em recipientes herméticos para evitar queimaduras por congelamento. No final das contas, o importante é que eles não percam suas propriedades frescas».
Como segunda medida, ele recomenda usar recipientes Tupperware e, ao escolher entre plástico e vidro, embora diga que a segunda opção é a ideal, não exclui a primeira. «Normalmente, aconselho que, se escolhermos plástico, ele seja de boa qualidade. Também se deve tentar renová-los a médio ou curto prazo, porque após o uso e a lavagem, eles podem liberar microplásticos, que acabam indo parar nos alimentos».
Além disso, nem todos são adequados para congelamento. Por isso, ela recomenda prestar atenção aos símbolos, pois nem todos têm a mesma finalidade. O símbolo principal é um copo e um garfo, que significam que o recipiente é adequado para armazenar alimentos, e um floco de neve, que significa que é adequado para congelar. Além disso, várias linhas onduladas horizontais significam que pode suportar a temperatura do micro-ondas. «Devem estar presentes tanto em recipientes de plástico como em recipientes de vidro. Na verdade, se forem fabricados com material de qualidade e forem renovados regularmente, não deve haver qualquer problema com a transferência de substâncias para os alimentos.
Quanto tempo um recipiente pode ficar no congelador
O recipiente pode ser guardado no congelador durante vários meses, dependendo dos alimentos que contém. «O ideal seria anotar a data em que foi colocado no congelador. Assim, não nos esqueceremos de quando o colocámos lá», aconselha. A temperatura num aparelho doméstico deste tipo é normalmente de cerca de -18 ºC ou inferior, o que garante a melhor conservação dos alimentos.
«A carne vermelha e o peixe gordo, devido ao seu teor de gordura, costumam durar mais tempo no congelador. Eles estragam mais rápido devido à oxidação das gorduras», afirma a nutricionista. Concretamente, de dois a quatro meses. No caso da carne branca e do peixe, como contêm menos gordura, «podem ser conservados por mais tempo, até nove a doze meses».
Quanto às frutas e legumes, «podem ser congelados por um período de oito a doze meses, com exceção dos guisados, cujo prazo de conservação é reduzido. «Eles também costumam conter gordura, óleo que usamos para cozinhar, por isso são conservados por dois a três meses», acrescenta o especialista. Estes últimos não devem ser colocados no congelador imediatamente após o cozimento, ainda quentes. «É preciso esperar pelo menos uma hora em temperatura ambiente, com as tampas dos recipientes abertas. Da mesma forma, é preciso esperar antes de colocá-los no frigorífico», enfatiza. O não cumprimento desta instrução pode ter consequências para os alimentos e para o aparelho doméstico. «Ao colocar um recipiente quente no frigorífico, a temperatura pode alterar-se». Além disso, forma-se vapor de água, condensação, «que afeta os alimentos, que ficam mais húmidos e podem provocar uma proliferação mais intensa de bactérias».
Como descongelar
A forma mais segura de descongelar os alimentos é em sequência. «Do congelador para o frigorífico e, em seguida, para a mesa». No entanto, a própria nutricionista reconhece que é muito comum reduzir as três etapas para duas: diretamente à temperatura ambiente. «Mas, dessa forma, estamos a ignorar uma etapa muito importante, que permite evitar a proliferação de bactérias». As camadas externas dos alimentos descongelam mais rapidamente do que as internas, criando um ambiente ideal para a proliferação de bactérias, o que pode causar intoxicação alimentar, especialmente se os alimentos não forem preparados corretamente. Por isso, a especialista aconselha a planear as refeições com antecedência e deixar o recipiente congelado no frigorífico para que esteja pronto no dia seguinte.
Se não houver tempo, pode-se usar o modo de descongelamento do micro-ondas, adaptando-o ao tipo de produto, «pois descongelar um pedaço de pão e um pedaço de carne não é a mesma coisa». Também é preciso ter cuidado para não cozinhar os alimentos a menos. Também é possível descongelar em água fria, mergulhando o recipiente ou o saco hermético na água e trocando a água a cada trinta minutos. No entanto, o produto descongelado não pode ser congelado novamente.