Especialistas alertam que certas práticas cotidianas podem impactar negativamente a saúde e favorecer um envelhecimento precoce se não forem corrigidas.
Embora levar uma vida saudável implique hábitos como uma boa alimentação e atividade física, muitas pessoas ignoram que alguns hábitos diários, aparentemente inofensivos, podem estar deteriorando sua saúde e acelerando o envelhecimento.
Especialistas como a Dra. Cheryl Lythgoe, da Benenden Health, e o Dr. Amit Arora, presidente eleito da British Geriatrics Society, analisaram essas práticas frequentes e sugeriram alternativas simples para manter uma melhor qualidade de vida com o passar dos anos.
1. Limitar a atividade física a caminhadas
Caminhar traz benefícios para o sistema cardiovascular e a circulação, mas confiar apenas nessa atividade e negligenciar o fortalecimento muscular pode levar a uma perda progressiva de massa muscular, conhecida como sarcopenia.
Com o envelhecimento, a sarcopenia afeta o equilíbrio, a coordenação e a densidade óssea, aumentando o risco de quedas e fraturas. Pesquisas publicadas no British Journal of Sports Medicine destacam que complementar a atividade aeróbica com exercícios de fortalecimento muscular aumenta a esperança de vida, e outra, no Journal of Strength and Conditioning em 2024, ressalta que o levantamento de pesos melhora a qualidade de vida à medida que a idade avança.
A Dra. Lythgoe recomenda exercícios simples, como caminhar em terrenos irregulares, realizar tarefas de jardinagem ou carregar sacolas regularmente.
2. Repetir o mesmo crucigrama ou sudoku
Repetir sempre o mesmo crucigrama ou sudoku reduz o desafio mental e limita a formação de novas conexões neuronais
Fazer diariamente o mesmo tipo de crucigrama ou sudoku pode parecer uma forma positiva de manter o cérebro ativo. No entanto, quando essas atividades deixam de ser um desafio real e se transformam apenas em um hábito, o cérebro perde a oportunidade de formar novas conexões neuronais, alerta a Dra. Lythgoe.
Nesse sentido, estar constantemente exposto a desafios mentais variados é fundamental para manter a agilidade e a criatividade mental. Estudos citados na Behavioural Brain Research apontam que os novos neurónios só sobrevivem quando submetidos a experiências de aprendizagem difíceis, de modo que alternar entre diferentes jogos, aprender uma nova habilidade ou instrumento é fundamental para fortalecer o cérebro.
3. Uso de calçado inadequado
Sapatos mal ajustados aumentam significativamente o risco de problemas nos pés e quedas, especialmente na terceira idade. Calçados muito grandes e folgados, como chinelos, podem parecer confortáveis, mas não oferecem o suporte necessário.
Um estudo publicado na revista Geriatric Orthopaedic Surgery & Rehabilitation demonstra que o uso habitual de calçado inadequado é uma causa comum de patologias nos pés, que por sua vez predispõem a quedas e fraturas. Recomenda-se optar por calçado de salto baixo, biqueira larga e sola antiderrapante, de acordo com a Dra. Lythgoe.
4. Abuso de fones de ouvido
Passar longos períodos usando fones de ouvido pode causar fadiga auditiva, diminuir a concentração e favorecer a perda auditiva a longo prazo, afirma o Dr. Arora.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de mil milhões de pessoas entre 12 e 35 anos correm o risco de desenvolver perda auditiva por ouvirem música em volumes elevados. Os auscultadores modernos podem atingir 100 decibéis, um nível comparável ao de um concerto, enquanto uma conversa normal se situa entre 50 e 60 decibéis. Os especialistas aconselham reduzir o volume e alternar com períodos de descanso.
5. Deixar de exercitar a força de preensão
Sempre pedir ajuda para abrir frascos ou carregar sacolas pesadas implica descuidar a força de preensão, considerada um bom indicador da força geral e da saúde cardiovascular.
Pesquisas da Universidade da Califórnia e da Sociedade Britânica de Geriatria (2024) associam uma força de preensão deficiente a um maior risco de demência, sarcopenia e doença de Parkinson. Exercitar essa habilidade por meio de ações cotidianas ajuda a prevenir a fragilidade.
6. Manter as cortinas fechadas
Evitar a exposição solar bloqueando permanentemente a luz natural pode ter um impacto negativo na saúde mental e física. A luz solar, de acordo com a Dra. Lythgoe e revisões em Ciências Fotoquímicas e Fotobiológicas, contribui para a saúde celular, cardiovascular e imunológica, e a sua ausência está associada a um aumento das doenças metabólicas e alterações do humor.
7. Usar protetor solar apenas quando está sol
Os danos dos raios ultravioleta (UV) ocorrem mesmo em dias nublados ou em ambientes internos perto de janelas. A Dra. Arora lembra que os raios UV degradam as fibras de colagénio e elastina da pele, gerando manchas e rugas, além de aumentar o risco de cancro de pele.
A OMS estima que, dos 15 milhões de cegos por catarata no mundo, aproximadamente 10% são devidos à exposição aos raios UV. Recomenda-se o uso diário de protetor solar com FPS 30 e óculos de sol com proteção.
8. Não escovar a língua
Não escovar a língua favorece a proliferação de bactérias, mau hálito e doenças periodontais
Embora a escovagem dentária seja uma prática comum, apenas 30% da população escova a língua, de acordo com dados recolhidos pela empresa MyMouth.
O Dr. Arora explica que a negligência desta área favorece a proliferação de bactérias responsáveis pelo mau hálito, doenças periodontais e até mesmo alterações no microbioma intestinal. Observou-se que uma má saúde bucal pode estar relacionada com doenças cardiovasculares.