Um grupo de investigadores descobriu que certas espécies têm uma capacidade de absorção surpreendente que abre as portas para uma nova forma de mineração ecológica.
A ideia de que uma planta possa produzir ouro parece um conto de fadas ou alquimia medieval. No entanto, por trás desse conceito quase mágico, esconde-se um campo científico real e fascinante conhecido como “fitomineração”.
Um grupo de investigadores descobriu que certas espécies de plantas não «criam» ouro, mas têm a incrível capacidade de absorvê-lo do solo e concentrá-lo nos seus tecidos, abrindo as portas para uma nova forma de mineração ecológica.
Alzheimer: a incrível descoberta argentina que pode mudar para sempre a forma de detectá-la
O processo, embora complexo, baseia-se num princípio natural. Tudo começa em solos que já contêm partículas de ouro, muitas vezes em concentrações tão baixas que a sua extração através de métodos tradicionais seria inviável e economicamente ruinosa. É aqui que a biologia de certas plantas entra em jogo como uma solução inovadora para recuperar este metal precioso que, de outra forma, se perderia.
O cientista Chris Anderson, uma das figuras-chave neste campo, demonstrou que plantas como o eucalipto ou a mostarda indiana (Brassica juncea) são especialmente eficientes nesta tarefa. Para facilitar o processo, os cientistas introduzem no solo um agente químico que dissolve as partículas de ouro, tornando-as «assimiláveis» pelas raízes da planta.
Uma vez dentro do organismo vegetal, a planta atua como uma espécie de bomba biológica. O ouro viaja através do sistema vascular e acumula-se na forma de nanopartículas, principalmente nas folhas e nos caules. A planta não sofre danos com este processo, simplesmente armazena o metal ao longo do seu ciclo de vida como se fosse um bioacumulador natural.
Longe da imagem de colher pepitas de ouro diretamente dos ramos, a etapa final requer um processo industrial. Uma vez que as plantas tenham acumulado uma quantidade significativa de metal, elas são colhidas e posteriormente incineradas. As cinzas resultantes contêm o ouro concentrado, que depois deve ser separado e refinado através de métodos metalúrgicos convencionais para obter o ouro puro.
A fitomineria é uma técnica que requer condições muito específicas: um solo com presença de ouro, o uso de produtos químicos para sua dissolução e uma infraestrutura para a colheita e incineração em grande escala. Seu verdadeiro valor reside em seu potencial como uma alternativa mais sustentável e menos invasiva do que a mineração a céu aberto.
Estas são as 5 plantas perfeitas para plantar agora: elas florescerão na primavera e são muito fáceis de cuidar
O maior benefício deste método é o seu impacto ambiental. Ele poderia ser usado para extrair metais valiosos de terrenos contaminados ou de rejeitos de mineração, ajudando a limpar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, gerando um benefício econômico. Além do ouro, está sendo investigada a capacidade de outras plantas de acumular platina, paládio e outros metais raros, o que poderia revolucionar a forma como obtemos recursos estratégicos.
Em resumo, embora não exista uma planta mágica que gere ouro do nada, a ciência encontrou uma maneira de usar a natureza para colhê-lo da terra. A fitomineria representa, assim, uma ponte promissora entre a botânica e a metalurgia, uma técnica que, embora não vá acabar com a pobreza da noite para o dia, oferece um horizonte mais verde e sustentável para o futuro da indústria mineira.