Uma equipa portuguesa criou uma molécula que imita a hormona natural das plantas responsável por essa função e melhora significativamente a sua capacidade de recuperação após o stress hídrico.
As plantas têm hormonas que lhes permitem sobreviver em períodos de seca extrema. Para isso, elas fecham pequenos poros nas folhas, chamados estômaros. Essa ação é realizada por meio de um hormônio chamado ácido abscísico (ABA). No entanto, a reação natural, formada por milênios de evolução, nem sempre é suficiente para garantir a sobrevivência da planta em caso de seca extrema. Ou seja, a capacidade destas hormonas de proteger a planta tem os seus limites.
A equipa do Conselho Superior de Investigação Científica criou um composto sintético que ultrapassa esse limite e torna as plantas mais resistentes do que as suas próprias hormonas permitem.
A molécula, chamada cianobactina invertida (iCB), permite que as culturas «mantenham a sua produtividade em condições de forte stress hídrico», conforme publicado na revista Molecular Plant. «Os resultados são impressionantes: as plantas tratadas sobrevivem em condições de seca extrema e, posteriormente, recuperam a fotossíntese», disse Armando, investigador.
Hormônio sintético em spray
Ele é aplicado diretamente nas folhas. E basta apenas uma vez. Ao entrar em contato com as folhas, ele regula a transpiração e ativa genes associados à produção de moléculas protetoras, como prolina e rafinose, que ajudam as plantas a resistir ao estresse hídrico.
«As plantas tratadas com iCB não só regulam melhor a perda de água, como também protegem o seu sistema fotossintético e recuperam a atividade após a seca», explica o especialista.
Como eles fizeram isso
O composto foi desenvolvido usando métodos de análise estrutural com raios X e design molecular, ou seja, da mesma forma que um medicamento.
Os testes foram realizados em plantas de tomate com resultados muito bons. Estudos preliminares em outras culturas, como trigo ou uva, mostram que este spray pode ser aplicado a outras culturas sem folhas.
Ao contrário das moléculas desenvolvidas anteriormente, que exigiam o uso de plantas geneticamente modificadas, o iCB pode ser aplicado em culturas convencionais.