A partir de uma missão arqueológica dominicana-egípcia nas Ruínas de Taposiris Magna, a investigadora Kathleen Martínez e a sua equipa encontraram uma estátua que representaria a famosa rainha
Uma missão arqueológica conjunta entre o Egito e a República Dominicana nas ruínas de Taposiris Magna revelou uma descoberta inesperada. A equipa liderada pela investigadora Kathleen Martínez, que há mais de duas décadas estuda o possível túmulo de Cleópatra, encontrou uma estátua de mármore que poderia representá-la.
Durante anos, as escavações neste local concentraram-se na busca do túmulo da última faraó do Egito. Embora a descoberta não tenha resolvido o enigma do seu enterro, o aparecimento desta figura abre novas perspetivas sobre a imagem de Cleópatra VII. No entanto, as autoridades egípcias alertaram que, apesar da relevância da descoberta, ainda há um longo caminho a percorrer para encontrar o verdadeiro túmulo da rainha.
No comunicado oficial do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, Mohamed Ismail Khaled, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades (SCA), disse que entre os objetos encontrados havia duas estátuas que chamaram a atenção. «A primeira era uma estatueta de mármore branco de uma mulher real com uma tiara trançada e penteado em forma de melão. Martínez acreditava que representava a rainha Cleópatra VII», explicou.
A segunda era um busto de calcário de um rei com o cocar Nemes, o que indicava ligações com o período ptolomaico tardio. Além disso, Khaled observou que essa teoria gerou debate académico, porque os especialistas afirmavam que as características da estatueta de mármore não coincidiam com as representações conhecidas de Cleópatra VII, o que colocava em dúvida a sua identificação.
Entre os achados havia 337 moedas, algumas com a imagem de Cleópatra VII, e cerâmicas do final do período ptolomaico, o que situava a construção do templo no século I a.C.
Também foram descobertos os restos de um templo grego do século IV a.C., perto de um complexo de túneis de 25 metros de profundidade que ia do lago Mariout até ao mar Mediterrâneo. Os estudos mostraram que o templo foi destruído entre o século II a.C. e o início do período romano.
Por outro lado, Martínez apontou que foi descoberto um grande cemitério com 20 catacumbas e uma tumba subterrânea sob o antigo farol de Taposiris Magna. Tem três câmaras, e numa delas foram encontrados nove bustos de mármore branco juntamente com outros objetos.
As descobertas da expedição incluem a zona submersa do complexo no mar Mediterrâneo. Uma equipa liderada por Robert Ballard, conhecido por encontrar os restos do Titanic, investiga esta área, onde foram descobertas estruturas artificiais, restos humanos e uma grande quantidade de cerâmica.
Por fim, Martínez comentou que estas descobertas destacam a importância histórica e cultural do local. Além disso, enfatizou a relevância dos depósitos de fundação e dos objetos sagrados, pois indicariam a relação entre Taposiris Magna e Cleópatra VII, e poderiam oferecer novas perspetivas sobre a vida e a morte da rainha.
A descoberta reaviva o interesse internacional em torno de Cleópatra, uma das figuras mais enigmáticas e estudadas da história do Antigo Egito. Para Martínez e a sua equipa, cada peça encontrada em Taposiris Magna não só aproxima a possibilidade de resolver o mistério do seu túmulo, mas também fornece pistas valiosas sobre a vida, a cultura e o legado dela.