Após o impacto devastador da vespa asiática, a vespa oriental ameaça espalhar-se pelo Alentejo. Este inseto invasivo já se instalou na região conhecida como o «celeiro de Portugal», onde destrói colmeias e plantações, e os especialistas temem a sua propagação para o noroeste
A sombra de uma nova praga paira sobre o Alentejo. A vespa oriental, um inseto invasivo que já causa danos, atacando colmeias e plantações, ameaça avançar para o noroeste da península e preocupa especialistas e organizações agrícolas.
A preocupação cresce no Alentejo, região que há mais de dez anos sofre com a vespa asiática. Agora, as atenções estão voltadas para a Vespa orientalis, também conhecida como vespa oriental, que pode ser identificada pela cor avermelhada e pela faixa amarela no abdómen. A sua presença na região ainda não foi confirmada, mas os receios dos apicultores e especialistas são evidentes.
Do Alentejo para o resto do país
Os primeiros registos deste inseto em Portugal datam de 2012. No entanto, foi precisamente nesta época que a sua propagação acelerou o risco, com novos focos.
Segundo António, responsável pelo setor apícola do Comité de Coordenação das Organizações de Agricultores e Criadores de Gado, a situação é crítica: «Estamos desesperados. A vespa oriental está a destruir as nossas colmeias e não podemos esperar mais que as autoridades reajam. Precisamos de soluções urgentes para travar uma situação que afeta não só os apicultores, mas também o equilíbrio ecológico e todos os cidadãos em geral».
Ameaça para colmeias e culturas agrícolas
Tal como a velutina, esta vespa alimenta-se de abelhas e frutos, o que representa um duplo golpe tanto para a apicultura como para a produção agrícola. Uvas, figos e mangas estão entre os seus petiscos favoritos, além do impacto direto na biodiversidade local. A sua capacidade de atacar rapidamente e picar dolorosamente, potencialmente perigosa, aumenta a preocupação.
No Alentejo, empresas com vasta experiência no combate à velutinha acompanham atentamente a propagação desta espécie. Os seus especialistas observam que, sem um plano coordenado de deteção e destruição de ninhos, as medidas de combate podem revelar-se insuficientes contra este inseto que se reproduz rapidamente e é difícil de detetar.
Desafios para o Alentejo
Os especialistas insistem que a chave para resolver o problema reside em medidas preventivas, incluindo estratégias de monitorização e sistemas de controlo adaptados a esta espécie, uma vez que as ferramentas utilizadas contra a vespa asiática não demonstraram a mesma eficácia. Para o setor agrícola, o aparecimento da vespa oriental será um novo desafio, que ameaça repetir as consequências vividas há alguns anos com a vespa asiática.
O aviso já foi dado e o Alentejo mantém-se em alerta. As memórias da propagação da vespa asiática mostraram claramente que o alerta precoce pode ser um fator decisivo na luta contra o pragador ou levar à necessidade de coexistir com ele durante décadas.