O número de espécies invasoras em Portugal já se aproxima das 200. Entre as aves, plantas e animais que alteram os ecossistemas para sobreviver, destaca-se uma espécie que se tornou uma ameaça direta. No Península Ibérica já se percebeu esse problema e, por isso, procuram-se voluntários para deter uma espécie que há muitos anos vem ganhando força.
O problema é que este molusco entope os canos, destrói as espécies locais e requer tempo e mãos para ser detido.
Espécie invasora que devasta Salamanca
A espécie invasora que causa danos na Península Ibérica chama-se molusco asiático (Corbicula fluminea) e chegou aos rios portugueses vinda da Ásia, escondida em iscas de pesca ou agarrada a embarcações. Desde então, encontrou aqui o local ideal para se reproduzir, e o rio Tajo tornou-se um dos seus habitats preferidos.
Este pequeno molusco bivalve, com apenas cinco centímetros, tem uma capacidade reprodutiva extraordinária: ao longo da sua vida, pode produzir até 100 000 larvas. Adapta-se rapidamente, não é afetado pelas variações de temperatura e substitui facilmente as espécies locais.
Além disso, quando coloniza um território, perturba a cadeia alimentar e entope tubos, filtros e sistemas de irrigação.
É mais frequente encontrá-lo em remansos com pouca corrente, onde se acumula sob os sedimentos. Alimenta-se filtrando a água e consumindo quaisquer resíduos orgânicos. Não precisa de muito para prosperar.
Desde o seu aparecimento no rio Tajo, foi necessário alterar os métodos habituais e as prioridades na preservação do rio. Sempre que surge uma nova colónia, é necessário tomar medidas, porque, se a situação não for controlada a tempo, a sua propagação será imparável.
Salamanca organiza-se para deter o molusco invasor
No dia 20 de setembro, das 10h30 às 13h30, a Agência Municipal de Voluntários organiza um novo dia de combate a esta espécie invasora. O local escolhido é a zona dos bares de praia, que necessita de ajuda urgente para combater a propagação do molusco.
O evento consistirá na recolha de amostras e remoção de moluscos asiáticos, dando continuidade ao trabalho iniciado em 2022. A ideia é dupla: continuar a avaliar a situação e reduzir a população deste invasor silencioso.
O que está a ser feito para conter os moluscos asiáticos
Não é fácil erradicar uma espécie invasora. No caso do molusco asiático, as opções são limitadas, mas não impossíveis. Em áreas restritas, é feito um controlo manual, removendo-os um a um. Também são instalados filtros que bloqueiam a passagem das larvas ou são aplicados tratamentos térmicos em tanques fechados, onde o calor destrói a maioria dos exemplares.
Outra abordagem é química, especialmente em embarcações ou equipamentos que podem transportar involuntariamente as larvas. E, claro, aumentar a sensibilização: evitar a utilização como isco, limpar cuidadosamente todos os equipamentos de pesca e não transportar água ou vegetação de um rio para outro.
Do ponto de vista jurídico, desde 2013 está incluída no Catálogo Português de Espécies Exóticas Invasoras. A sua utilização como isco é proibida e noutras regiões também foram introduzidas restrições semelhantes.
O problema é que, apesar das medidas, a propagação continua. O projeto europeu Life+ InvaSep já alertou para este risco há dez anos, e a realidade confirma-o.