Uma equipa de arqueólogos holandeses descobriu numa tumba uma magnífica lâmpada de óleo romana que, na opinião dos investigadores, teria sido colocada no túmulo para guiar o falecido ao outro mundo.
Os investigadores acreditam que este tipo de lamparina, datada do século II, era colocada nos túmulos para guiar o falecido.
Uma equipa de arqueólogos que está a escavar no antigo povoado romano de Ceuclum, na atual cidade holandesa de Cuijk, fez uma descoberta extraordinária: uma lâmpada de óleo romana (lucerna), com cerca de 1.800 anos, com a forma de uma máscara teatral que representa a comédia.
A lâmpada, que se encontra em perfeito estado de conservação, surpreendeu agradavelmente os arqueólogos, que a consideram um dos achados mais extraordinários dos Países Baixos. «O seu estado de conservação excecional e o seu design intrincado tornam-na um unicum (um objeto único)», afirmou o arqueólogo municipal Johan van Kampen.
O antigo povoado de Ceuclum, que ficava em um ponto estratégico às margens do rio Mosa, entre Maastricht e Nimega, desempenhou um papel crucial no comércio da época. A lâmpada foi encontrada no que é considerado pelos arqueólogos como o maior cemitério romano já descoberto na região de Brabante, localizada entre os Países Baixos e a Bélgica.
Um maravilhoso “unicum”
“Desde o início das escavações em junho, foram desenterradas mais de setenta sepulturas que continham moedas, jarros, joias e outros objetos que acompanhavam os defuntos na vida após a morte. No entanto, esta lâmpada é a peça central, tanto pela sua arte como pelo seu significado simbólico”, afirmou Van Kampen.
Os investigadores acreditam que este tipo de lâmpada, datada do século II, era colocada nos túmulos para guiar os defuntos na sua viagem para o além. «O seu objetivo era, tanto literal como figurativamente, trazer luz à escuridão. As intrincadas decorações da peça, que incluem motivos pouco comuns nos Países Baixos, sublinham a sua singularidade», explica o arqueólogo.
As dimensões da necrópole, que pode abranger entre 5,5 e 6 hectares, surpreenderam a equipa. Da mesma forma, eles ficaram impressionados ao verificar que quase todos os objetos encontrados estão praticamente intactos. Os investigadores sugerem que isso pode ser devido à maneira cuidadosa como os ajuares funerários foram dispostos e cobertos com areia quase imediatamente.
«Cada páada que damos na terra evoca uma nova história. Através destes objetos, descobrimos não só os rituais funerários que acompanhavam os mortos, mas também a riqueza e as conexões culturais dos vivos. Na verdade, parece que vários dos objetos foram importados, o que revela a integração da região em redes comerciais romanas mais amplas», destacou Van Kampen.
Para os investigadores, o legado romano de Brabante, que muitas vezes é ofuscado pelas descobertas feitas em cidades como Nimega ou Maastricht, apenas realça as profundas raízes históricas desta província.
«Durante a época romana, o Brabante Setentrional situava-se na fronteira do Império, uma zona onde a vida militar, comercial e civil se cruzavam. As estradas romanas e as rotas fluviais tornaram povoações como Ceuclum pontos de referência vitais para o comércio e o intercâmbio cultural», conclui o investigador.
As evidências arqueológicas na região, que vão desde quintas e vilas a postos militares, apontam para uma presença romana florescente, segundo os investigadores. A necrópole de Ceuclum demonstrou que a comunidade não só era próspera, como também estava intimamente ligada às tradições funerárias de Roma.